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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

~Pôsters de Akanishi Jin e Yamashita Tomohisa no HMV~

Crédito: @
Artista: Akanishi Jin, Yamashita Tomohisa
Local: Shibuya HMV
Horário/Data: 19:14, 27.11.2009


quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

~Curiosidade: "Chuva de estrelas" no Japão~


Meteoros do fenômeno conhecido como Leônidas parecem cair sobre a Terra como "chuva de estrelas", embora estejam apenas riscando o céu sobre o Monte Fuji, no Japão. A fotografia foi tirada na madrugada desta segunda-feira, 19.11.01.

A chuva de "Leônidas" acontece em cada mês de novembro, quando a Terra passa próximo do véu de matéria deixado pelo Cometa Tempel-Tuttle, que completa sua órbita a cada 33 anos. Estas partículas se chamam "Leônidas" porque parecem surgir da constelação de Leo e seus fragmentos são muito pequenos, em sua maioria não maiores que um grão de arroz.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

~Kito Aya: Um Litro de Lágrimas~


Resumo



Aya Kito (19 de Julho de 1962 - 23 de Maio de 1988) sofreu de uma doença chamada Degeneração Espinocrebelar - uma doença que deteriora o cérebro gradualmente até o ponto que a vítima não pode andar, falar, escrever, ou comer. A doença que não afeta a mente nem a memória -, durante sua vida escreveu um diário, onde ela relatava sua luta diária contra a doença, e só parou de escrever quando a doença a impossibilitou. O diário foi públicado dois anos antes de sua morte, com o título de 1 Litro de Lágrimas e vendeu mais de 1,8 milhão de cópias no Japão inteiro.

Suas últimas palavras em seu diário foram: "O fato de eu estar viva é uma coisa tão encantadora e maravilhosa que me faz querer viver mais e mais".

Essa história torna-se mais comovente pelo simples fato de ser uma historia real, ela nos permite que possamos lançar um novo olhar para o nosso cotidiano e enxerguemos que, por mais que tenhamos problemas, existem pessoas que enfrentam dificuldades ainda maiores e nem por isso desistem.

O Livro



No ano de 1962 nascia no Japão a garota Aya Kito. Ela tinha uma vida comum até que na adolescência descobriu ter uma doença incurável. A Degeneração Espinocerebelar é uma doença que faz a pessoa "quebrar" aos poucos, atrofiando o cérebro e tirando a capacidade de se equilibrar, de andar e, depois de um tempo, até de falar. A doença não possui cura, mas é possível fazer um tratamento para retardar os sintomas.

O médico de Aya sugere que ela escreva um diário para que ele soubesse como estava o cotidiano dela e ver como a doença afetava a vida da garota. Mas Aya foi além: começou a colocar seus pensamentos, e o que sonhava para o futuro. Haveria um futuro para ela?

O diário de Aya foi publicado no Japão originalmente para a comunidade que possui problemas físicos, mas a história dramática da garota transformou o livro em algo atrativo para todos. O livro foi publicado em 1986, e Aya tinha apenas 23 anos de idade, mas já não conseguia escrever e falava com a ajuda de uma pequena tabuleta que continha todas as letras do alfabeto japonês.

Dois anos após a publicação do livro, Aya faleceu. Até hoje o livro é muito vendido e visto como um exemplo na superação de problemas. Afinal nós reclamamos da vida amorosa, dos problemas no trabalho, das pequenas dores... mas Aya enfrentava o preconceito das pessoas, os olhares tortos, e lutou fortemente até a sua morte.

Em 2004, o livro foi transformado em longa-metragem e até exibido em aviões. Mas a versão mais famosa é o dorama de 2005. Contando a história de Ikeuchi Aya, o dorama de 11 capítulos faz até o maior sociopata do mundo derramar suas lágrimas.

As últimas palavras do diário de Aya são de partir o coração: "O fato de eu estar viva é uma coisa tão encantadora e maravilhosa que me faz querer viver mais e mais."

O Dorama



O dorama retrata a vida de Ikeuchi Aya, uma garota alegre que mora com seus familiares em uma pequena casa que também é uma loja de tofu, produzido por seu pai. Ajudando em casa ainda tem a mãe, que é enfermeira, e seus três irmãos menores: Ako (a "rebelde sem causa" da família), Hiroshi (garoto fã de futball) e a pequena Rika. Aya acabou de terminar o Ensino Fundamental, então precisa fazer um vestibulinho para o concorrido colégio Higashi.

Enquanto corria para fazer sua prova, Aya se desequilibra e é ajudada por Haruto, um garoto que também iria fazer o vestibulinho, mas decidiu de última hora não fazer a prova. Querendo ajudar Aya, ele a leva para fazer a prova, e ambos conseguem passae no colégio.

Por conta das quedas de Aya, sua mãe, Shioka, a convence a fazer alguns exames. O médico logo percebe do que se trata e avisa à mãe que sua filha tem a Degeneração Espinocerebelar. Depois de muitas pesquisas pela Internet, Shioka conta a seu marido sobre o problema da filha.

Enquanto isso a vida anda dura para Aya na escola. Ela é nomeada representante de sala junto com Haruto, despertando a ira das colegas. Além disso Aya chama muita atenção no clube de basquete graças à sua abilidade e sua afinidade e intimidade com Yuji, um veterano do clube de basquete masculino. Uma das primeiras decisões de Aya como representante é tomar as decisões sobre o concurso de coral, então a garota seleciona a música e rege o coral composto pelos alunos da sala. Aya percebe que algo está errado com ela - alguns movimentos que ela executa não saem como ela espera, ou o membro que ela quer mexer fica parado - e se esforça ao máximo no coral, afinal não sabe se terá um futuro bom.

Shioka não consegue mais esconder da filha e revela que ela possui uma doença sem cura.

Depois de uma série de exames, o neurologista sugere que ela escreva um diário relatando seus problemas diários de coordenação motora. Obviamente ter uma notícia dessas aos 15 anos é uma bomba para qualquer pessoa.

O dorama então começa a relatar a vida de Aya e como lida com a doença. Conforme a história avança, quem assiste percebe que Aya vai piorando. Os pequenos tropeços que ela tinha no começo se tornam tombos sérios, alguns com necessidade de internação. A perna, que falhava vez ou outra, começa a ficar com problemas constantes, fazendo com que Aya ande de uma maneira estranha - os amigos maldosos de Hiroshi, com 11 anos de idade, começam a tirar sarro da irmã dele por andar "feito um pinguim". Os problemas familiares também são retratados nas cenas com a irmã Ako, que chega ao cúmulo de dizer que gostaria de estar doente também só para ter atenção dos pais.

A família inteira precisa se adaptar às limitações de Aya, mas sempre o fazem de uma maneira alegre para não demonstrar fraqueza. Por exemplo: quando Aya não conseguia mais segurar o hashi (palitinhos) para comer, ou mesmo quando não conseguia mais segurar a tigela de cerâmica, Shioka propõe a toda a família uma troca de talheres e tigelas (todas de plástico) e dá talheres ocidentais para Aya semelhantes aos que damos para crianças.

No colégio Higashi as coisas não vão muito bem também. O colégio é cheio de escadas, e Aya precisa sempre contar com a ajuda dos outros. Durante as aulas a garota não consegue copiar tudo a tempo, fazendo com que a classe se atrase um pouco nos estudos. Tudo isso vai acumulando até que os alunos reclamam com seus pais. E na reunião dos pais e mestres a opinião dos responsáveis pelos alunos é unânime: querem que Aya saia da escola e vá para um colégio de deficientes. Aya, que diz que só sobrevive pois sabe que encontrará o sorriso das amigas quando chegar à escola, entra em pânico quando vê que a querem longe de lá.

O título do livro é explicado num momento onde Aya conversa com todos de sua sala. Ela diz que, para conseguir ir até a frente da sala e contar sobre sua doença, foi necessária muita coragem e cerca de um litro de lágrimas.

É interessante a visão que os japoneses tem das lágrimas. Enquanto aqui no Brasil as lágrimas são demonstradas como reflexo da fraqueza da pessoa, no Japão eles consideram uma etapa fundamental para acabar com as angústias. Um exemplo pode ser visto no filme As Viajens de Chichiro. No meio do filme a garota Chichiro, já sendo chamada de Sen, começa a sentir todo peso do mundo em suas costas, afinal trabalha numa casa de banhos para poder salvar seus pais e salvar a sí mesma. Percebendo que a garota está muito mal, Haku entrega a ela um bolinho de arroz "mágico" que a fará recuperar as forças. Ao comer o bolinho, lágrimas gigantes começam a escorrer dos olhos de Chichiro enquanto Haku diz para ela continuar chorando, pois isso a fará se recuperar logo.

Como toda garota, Aya se apaixona também. Ela possuía uma paixão platônica pelo veterano do time de basquete, mas ficava extremamente balançada com o carinho e a personalidade de Haruto. Haruto é filho de um neurologista que trabalha no hospital onde Aya se trata, e sofre por pressão familiar, afinal seu irmão mais velho morreu e seus pais depositam nele todas as esperanças da família - por isso ele não queria fazer o vestibulinho para o mesmo colégio em que seu irmão havia estudado. Aliás, Haruto parece indispensável para a história, mas é o único personagem que foi criado exclusivamente para o dorama e não possui nenhum correspondente na vida real.

O dorama avança até o final da vida de Aya. Perto de sua morte começam a publicar textos dela numa revista para deficientes, e esses textos fazem tanto sucesso que logo pedem o diário da garota para ser publicado.

Ikeuchi Aya é interpretada pela atriz, cantora e modelo Sawajiri Erika, que faz um trabalho primoroso como a protagonista de 1 Litro de Lágrimas. Seu sorriso é confortante, a garra da personagem é bem demonstrada e até suas limitações. É de impressionar o realismo com que a atriz retrata as dificuldades motoras de Aya, principalmente em seu estado terminal. Quando Aya consegue falar apenas sílaba por sílaba a atriz mantém o fôlego na interpretação e torna a personagem verossímil para o público. Já Ryo Nishikido tem uma interpretação bem menos brilhante, mas ele dá personalidade ao Haruto e sua química com Erika é ótima.

Ainda no rol das grandes interpretações, não há como não comentar a atriz que faz Ikeuchi Shioka: Hiroko Yakushimaru. A personagem ganhou muito com a interpretação da atriz. Nas cenas em que Shioka esconde da família a doença da filha usando um sorriso são brilhantes, pois, embora o sorriso, vemos nos olhos da atriz a dor que a personagem sente ao saber que o sorriso é falso.

A trilha sonora é bem dramática. A banda Remiromen cuida das duas músicas incidentais do dorama: Konayuki, que serve como tema romântico entre Aya e Haruto, e a música 3gatsu9ka, que é a música usada no concurso de coral e aparece em diversos momentos da série. O tema de encerramento é Only Human, do cantor coreano K. Esse single vendeu, na época do dorama, cerca de 200.000 unidades.

O sucesso do dorama rendeu um episódio especial, resgatando os atores do dorama original.

O dorama pode ser conferido aqui com subtítulos em português, e aqui o episódio especial.

Uma análise mais pessoal



A pergunta que o leitor dessa matéria deve fazer é essa: "Será que dá pra chorar com isso ou é apenas ladainha de quem escreve essa matéria? Afinal eu nunca chorei com nada." Fugindo um pouco da imparcialidade pedida por essa matéria, preciso confessar que nunca fui fã de doramas. Achava as situações exageradas e os roteiros ruins. Tudo mudou quando comecei a ver 1 Litro de Lágrimas. Eu juro que nunca chorei tanto por um anime ou mangá quanto chorei por esse dorama (se não contarmos a morte do Itachi ou do Deidara em Naruto Shippuden...).

Aqueles que dizem que possuem coração de pedra também se emocionam. Tive relatos de pessoas que começaram a assistir o dorama e falaram "Mas eu não chorei no começo". Com o tempo os problemas de Aya começaram a entrar na pessoa e logo as lágrimas saíam.

Uma das características que faz com que o espectador se emocione mais é o fato de 1 Litro de Lágrimas ser baseado em fatos e acontecimentos reais. Essa verossimilhança sempre funcionou na mídia, pois inconscientemente torna possível para o espectador que o que acontece na tela possa vir a acontecer na vida real com alguém próximo ou a própria pessoa. Mas não podemos atribuir os méritos das lágrimas apenas ao fato de ser uma história real, tudo é executado com maestria para arrancar emoção das pessoas que assistem.

O encerramento é uma das coisas mais lindas que vi, com uma música bonita e um vídeo mostrando fotos da verdadeira Aya, além de trechos do diário. A trilha sonora consegue emocionar emocionar mesmo sem conferir a letra da música, só pela melodia e pela empolgação de quem canta.

A caracterização dos personagens passa longe do exagero de muitos outros doramas. Mesmo os personagens muito caricatos, como o pai de Aya, possuem a função de ser alvo cômico para o dorama e não incomodam. Muito pelo contrário, sua alegria de encarar os desafios sorrindo chega a ser motivador.

Mas que uma série que vá te emocionar, considero sem o menor erro que o dorama de 1 Litro de Lágrimas é obrigatório. A história de Aya é um verdadeiro exemplo de vida e é algo que deveria ser visto por todas as pessoas. Você verá que seus problemas não são tão grandes como você pinta, e que você pode resolvê-los... com ou sem lágrimas. E, quando menos esperar, você olhará para seus problemas do passado com um sorriso no rosto. Mas, para chegar a este sorriso, vai ver que foi necessário cerca de 1 litro de lágrimas.

O Mangá



Em 2005, a editora Gentosha publicou o mangá de 1 Litro de Lágrimas em volume único, desenhado por Kita. O mangá segue o livro original de 1986 e conta a história de Kito Aya e toda sua jornada para se adaptar à doença. E a NewPOP editora já publicou 1 Litro de Lágrimas em português!

O mangá traduzido saiu no formato original e é também em volume único. É uma boa pedida para quem quer conhecer a história de uma das garotas mais corajosas do Japão, posto só conquistado depois de muitas lágrimas derramadas.

Citações do Diário



-Se eu fosse uma flor, minha vida seria um botão. Esse começo de juventude, quero guardar sem arrependimentos.

-Mamãe, dentro do meu coração: existe você, que sempre acreditou em mim. A partir de agora conto com você. Desculpa por causar tanta preocupação.

-Por que essa doença me escolheu? Destino é algo que não se pode colocar em palavras.

-Quero contruir uma máquina no tempo e voltar ao passado. Se não fosse por essa doença, eu conseguiria me apaixonar e não depender de ninguém para viver.

-Eu não direi mais que quero voltar àquele dia, vou viver aceitando o eu de agora.

-Apesar de ter me machucado com esses olhares sem coração, eu percebi que também havia olhares de gentileza. Por isso, eu não vou fugir. Assim eu farei, com certeza, sempre.

-Eu gosto do som das bolas ecoando no ginásio, da sala quieta depois da aula, da paisagem que se vê da janela, do piso de mandeira do corredor, das conversas em frente à sala de aula, gosto de tudo. Talvez eu só esteja incomodando, talvez eu não esteja ajudando ninguém, mesmo assim, eu quero ficar aqui. Afinal, aqui é o lugar onde estou.

-Eu agradeço por ser vista igualmente pelos meus amigos. 'Eu passei a gostar de ler graças a você', foi o que me disseram. "Ah, que bom", eu não causei apenas incômodo a elas, pensando assim, não me importei muito.

-Eu gosto do Colégio Higashi! Eu gosto do professor Nagai! Eu gosto de todos professores daqui.

-Sabe, agora, estou confusa e com medo. É sobre "Escola para Deficientes".

-Felicidade? Você é feliz? Estou à procura, no fundo do meu coração, para que eu seja feliz.

-Se olhar o céu depois de cair, o céu azul, hoje também, se estende infinitamente e sorri. Eu estou viva.

-Faltam 4 dias até o fim das aulas. Parece que por minha causa, todos estão segurando mil garças de papéis. A imagem deles segurando-os com tanto esforço, guardarei no fundo dos meus olhos: para que eu nunca esqueça, mesmo estando separados. Mas eu queria que dissessem: "Aya, não vá".

-Agora penso que você foi muito mimada pelas pessoas! Finalmente percebi. Você dependeu demais das pessoas! Por isso, a Youko e a Yoshiko acabaram se cansando! Percebi tarde demais...

-Não tenho Lugar!

-Eu deixarei o colégio Higashi.

-Foi preciso um litro de lágrimas.

-As pessoas não deviam viver o passado. É o suficiente fazer o possível no presente.

-Os sons "ma", "wa", "ba", e "n" ficaram difíceis de pronunciar. Em vez da voz, só sai vento. Por isso, não consigo me comunicar com os outros. Ultimamente, tenho falado muito sozinha, antes eu não gostava, mas é como um treinamento para a boca, vou fazer bastante. Não vou parar de falar.

-Nos meus sonhos, meus pés já estavam paralisados. Nos meus sonhos, eu já estava sobre a cadeira de rodas.

-Não consigo mais voltar ao passado. Nem meu coração, nem meu corpo.

-Encontro-separação-encontro. Todas as pessoas são seres que não conseguem viver sozinhos.

-A realidade é muito cruel, muito rígida. Não posso nem ao menos sonhar. Se imaginar o futuro, ainda outras lágrimas escorrem.

-Por qual motivo eu estou vivendo? Aonde devo ir? Apesar de não conseguir respostas, se escrevo, meus sentimentos melhoram. Estou à procura de muitas mãos, mas não consigo alcançá-las, não consigo percebe-las, apenas sigo em direção à escuridão, apenas ouço minha voz que grita sem esperanças.

-Não quero falar. Não quero conversar. Tenho medo de soltar as palavras.

-Não consigo me mover, que raiva...

-Será que posso continuar a viver? Mesmo que você não exista, não há nada que restará.

-Amor, não tenho nada além de apenas viver me agarrando a isso.

-O fato de eu estar viva é uma coisa tão encantadora e maravilhosa que me faz querer viver mais e mais.


Texto original: Fábio Garcia, NeoTokyo vol. 26
Modificações e complemento: Hana
Imagens: Kito Aya (vida real), Kito Aya (mangá) e Ikeuchi Aya (dorama).

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

~No Brasil~

Conheça a história do povo japonês no Brasil, os lugares onde se estabeleceram, quais são suas condições e o que eles conseguiram obter e o que perderam através desse século de lutas para serem aceitos e melhorarem de vida.

Bairro da Liberdade
Sobre o Bairro da Liberdade

~Bairro da Liberdade~

Resumo




A Liberdade é um distrito da região central da cidade de São Paulo. É o maior reduto da comunidade japonesa na cidade, a qual, por sua vez, congrega a maior colônia japonesa do mundo, fora do Japão. A segunda cidade com maior população japonesa no Brasil, sendo que perde apenas para São Paulo, é Assai, no Paraná.

A influência cultural pode ser sentida nas ruas de luminárias tipicamente orientais (onde até as placas dos estabelecimentos são escritas em caracteres orientais) e nas feiras temáticas que acontecem periodicamente. Lá se encontram diversos artigos típicos da cultura oriental e japonesa, sendo, então, um ótimo centro de compras destes produtos.

Do distrito da Liberdade também fazem parte o bairro da Aclimação, que nos últimos anos tornou-se uma área de concentração da colônia coreana, a região de várzea que dá nome ao bairro Várzea do Glicério, um enclave com população de baixo poder aquisitivo, e o bairro Morro da Aclimação, além do bairro da Liberdade.

O distrito é atendido pelas Linha 1 (Azul) do Metrô de São Paulo.

Limites



Norte: Ligação Leste-Oeste.
Leste: Avenida Prefeito Passos, Praça Nina Rodrigues, Rua Otto de Alencar, Rua Teixeira Mendes, Rua do Lavapés, Rua Francisco Justino Azevedo, Rua Miguel Teles Júnior, Rua Alves Ribeiro, Avenida Lacerda Franco.
Sul: Rua Coronel Diogo, Rua Batista Caetano, Rua Ximbó, Rua José do Patrocínio, Rua Batista Cepelos, Rua Topázio, Rua do Paraíso, Viaduto do Paraíso.
Oeste: Avenida Vinte e Três de Maio.

História



Em 1912 os imigrantes japoneses passaram a residir na rua Conde de Sarzedas, ladeira íngreme, onde na parte baixa havia um riacho e uma área de mangue.

Um dos motivos de procurarem essa rua é que quase todas tinha porões, e os aluguéis dos quartos no subsolo eram incrivelmente baratos. Nesses quartos moravam apenas grupos de pessoas. Para aqueles imigrantes, aquele cantinho da cidade de São Paulo significava esperança por dias melhores. Por ser um bairro central, de lá poderiam se locomover facilmente para os locais de trabalho.

Já nessa época começaram a surgir as atividades comerciais: uma hospedaria, um empório, uma casa que fabricava tofu (queijo de soja), outra que fabricava manju (doce japonês) e também firmas agenciadoras de empregos, formando assim a “rua dos japoneses”.

Em 1915 foi fundada a Taisho Shogakko (Escola Primária Taisho), que ajudou na educação dos filhos de japoneses, então em número aproximado de 300 pessoas.

Em 1932 eram cerca de 2 mil os japoneses em São Paulo. Eles vinham diretamente do Japão e também do interior, após encerrarem o contrato de trabalho na lavoura. Todos vinham em busca de uma oportunidade na cidade. Cerca de 600 japoneses moravam na rua Conde de Sarzedas. Outros moravam nas ruas Irmã Simpliciana, Tabatinguera, Conde do Pinhal, Conselheiro Furtado, Tomás de Lima (Hoje Mituto Mizumoto), onde em 1914 foi fundado o Hotel Ueji, pioneiro dos hotéis japoneses em São Paulo, e dos Estudantes.
Os japoneses trabalhavam em mais de 60 atividades, mas quase todos os estabelecimentos funcionavam para atender a coletividade nipo-brasileira.

A Expulsão

A vida não era fácil para os imigrantes japoneses que viviam em São Paulo, mas havia trabalho, comida e moradia. Nos anos 20 e 30, eles já estavam integrados à vida da cidade. Havia jogos de beisebol nos fins de semana, as crianças podiam estudar em escolas de ensino do idioma japonês. Podia-se saborear comida japonesa nas pensões e ler publicações em japonês.


Em julho de 1941, o governo ordenou a suspensão da publicação dos jornais em língua japonesa. Com o início da guerra no Pacífico, em 1942, o governo de Getúlio Vargas rompeu relações diplomáticas com o Japão, fechando o Consulado Geral do Japão (fundado em 1915 na rua Augusta, 297). No dia 6 de setembro, o governo decretou a expulsão dos japoneses residentes nas ruas Conde de Sarzedas e Estudantes. Somente em 1945, após a rendição do Japão, é que a situação voltou à normalidade na região.

Os Jornais Japoneses

Em 12 de outubro de 1946 foi fundado o jornal São Paulo Shimbun, o primeiro no pós-guerra entre os nikkeis. Em 1º de janeiro de 1947 foi a vez do Jornal Paulista. No mesmo ano foi inaugurada a Livraria Sol (Taiyodo), ainda hoje presente no bairro da Liberdade, que passa a importar livros japoneses através dos Estados Unidos. A agência de viagens Tunibra, inicia as atividades no mesmo ano.

Uma orquestra formada pelo professor Masahiko Maruyama faz o primeiro concerto do pós-guerra em março de 47, no auditório do Centro do Professorado Paulista, na Avenida Liberdade.

O Cine Niterói

Em 23 de julho de 1953, Yoshikazu Tanaka inaugurou na rua Galvão Bueno um prédio de 5 andares, com salão, restaurante, hotel e uma grande sala de projeção no andar térreo, para 1.500 espectadores, batizado de Cine Niterói. Eram exibidos semanalmente filmes diferentes produzidos no Japão, para o entretenimento dos japoneses de São Paulo.

A rua Galvão Bueno passa a ser o centro do bairro japonês, crescendo ao redor do Cine Niterói, tendo recebido parte dos comerciantes expulsos da rua Conde de Sarzedas. Era ali que os japoneses podiam encontrar um cantinho do Japão e matar saudades da terra natal. Na sua época áurea, funcionavam na região os cines Niterói, Nippon (na rua Santa Luzia – atual sede da Associação Aichi Kenjin kai), Jóia (na praça Carlos Gomes – hoje igreja evangélica) e Tokyo (rua São Joaquim – também igreja).

Em abril de 1964 foi inaugurado o prédio da Associação Cultural Japonesa de São Paulo (Bunkyô) na esquina das ruas São Joaquim e Galvão Bueno.

Associação dos Lojistas

Em 1965 foi fundada a Associação de Confraternização dos Lojistas do Bairro da Liberdade, precursora da Associação Cultural e Assistencial da Liberdade – ACAL, sob a presidência de Yoshikazu Tanaka, para defender os interesses do bairro perante as autoridades municipais e estaduais. Com a crescente criminalidade do bairro, promovem encontro com os responsáveis pela Secretaria de Segurança Pública, Polícias Civil e Militar.

A Liberdade passa a ser o local de visita obrigatória para todos os visitantes da cidade. Em 1967, o bairro recebeu a visita do então Príncipe Herdeiro Akihito e da Princesa Michiko, hoje o Casal Imperial do Japão.

Na década de 60, as atividades e os interesses dos japoneses em São Paulo foram conduzidas pela Associação Cultural Japonesa (hoje Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa) e pela Associação dos Lojistas, pois eram as duas entidades mais representativas da comunidade.

Nova Urbanização

O ano de 1968 representou o início das mudanças no bairro. A Diametral Leste-Oeste obrigou o cine Niterói, marco inicial da prosperidade do bairro, a se mudar para a esquina da avenida Liberdade com a rua Barão de Iguape (atualmente funciona no local o Hotel Barão Lu). A rua Conselheiro Furtado, que era estreita, foi alargada, diminuindo a força comercial do local. Além disso, com a construção da estação Liberdade do metrô, na década de 70, alguns pontos comerciais das ruas Galvão Bueno e na Avenida Liberdade desapareceram.

A Liberdade deixou de ser um reduto exclusivo dos japoneses. Muitos deixaram de residir na região, mantendo apenas seus estabelecimentos comerciais. Com isso, o bairro passou a ser procurado também por chineses e coreanos.

Além e lojas, restaurantes e bares orientais, o bairro passou a oferecer outros atrativos. A praça da Liberdade é utilizada como palco para manifestações culturais, como o bon odori, dança folclórica japonesa. Os palcos dos cinemas japoneses passaram a receber também artistas e cantores japoneses.

Graças à iniciativa da Associação da Liberdade, o bairro recebeu decoração no estilo oriental, com a instalação de lanternas Suzurantõ. Em 1973, Liberdade foi vencedora do concurso de decoração de ruas das festas natalinas.


Em 28 de janeiro de 1974, a Associação de Confraternização dos Lojistas passou a ser chamada oficialmente de Associação dos Lojistas da Liberdade. Seu primeiro presidente, Tsuyoshi Mizumoto, buscou a caracterização do bairro oriental. A Feira Oriental passou a ser organizada nas tardes de domingo, com barracas de comida típica e de artesanato, na praça da Liberdade.

No dia 18 de junho de 1978, por ocasião da comemoração dos 70 anos da imigração japonesa no Brasil, iniciou-se a prática do Radio Taissô, na praça da Liberdade. São dezenas de pessoas que fazem uma sessão diária de ginástica.

Nas décadas de 80 e 90, pequenas mudanças ocorreram no bairro. As casas noturnas foram gradativamente substituídas por karaokês, uma nova mania que começava a tomar conta do bairro. As principais atividades culturais da Liberdade são realizadas com a promoção da ACAL e fazem parte do calendário anual do município:

Abril – Hanamatsuri – Festival das Flores, em conjunto com a Federação das Seitas Budistas. O desfile do grande elefante branco carregando o pequeno Buda acontece no sábado.

Junho – Campenato de Sumô da Liberdade – grande campeonato com atletas de todo o país. Realiza-se aqui a seleção dos atletas juvenis que representarão o Brasil no Campeonato Mundial de Sumô. A arena (dohyo) e as arquibancadas são montadas em plena praça da Liberdade.

Julho – Tanabata Matsuri – Festival das Estrelas, em conjunto com a Associação Miyagui Kenjinkai. As principais ruas do bairro são enfeitadas com bambu e grandes enfeites de papel simbolizando as estrelas. Os visitantes colocam um pedaço de papel com pedidos.

Dezembro – Toyo Matsuri – Festival Oriental. Apresentação de várias manifestações culturais do oriente. O bairro recebe o Nobori, coloridas bandeiras verticais.

Dezembro – Moti Tsuki – Festival de Final do Ano. O arroz é socado em pilão para a confecção do moti (bolinhos de arroz) que é distribuído aos presentes para dar sorte. Sempre no dia 31 de dezembro.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

~Curiosidade: Introdução ao Budismo~


O Budismo, doutrina pregada na Índia por Gothama Shakyamuni, chegou ao Japão através da China e da península coreana. A introdução oficial do Budismo no Japão aconteceu no ano de 538, quando o rei Sem Ming, de Pèhché, pequena nação peninsular, enviou uma estátua de Buda e algumas Sutras (escritas sagradas do Budismo) ao imperador nipônico, como sinal de confraternização. Entretando, já antes disso, o Budismo havia se infiltrado por intermédio dos imigrantes coreanos, que o praticavam regularmente.

~Pequenas Curiosidades~

Em breves textos, trazemos curiosidades sobre diversos temas do Japão. Mesmo que postemos esses temas em matérias maiores, não vamos excluír nossos pequenos textos de informação. Aproveitem~ :3

Budismo no Japão
Curiosidade: Introdução ao Budismo

Chuva de Estrelas
Curiosidade: "Chuva de Estrelas" no Japão

Rã da Sorte
Curiosidade: Rã da Sorte